quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Um breve comentário

Discussão completamente ultrapassada, mas como ainda estão aqueles que não cansaram (como eu) ... Dou-me o luxo de dizer que Ética jornalística só existe da porta da sala de aula para dentro. Acredito muito mais que os valores desta ou daquela pessoa que venha a ser jornalista é que estarão presentes na hora da decisão em certas situações que a profissão nos coloca. Certamente alguém já disse isso em algum livro da área. Certamente! Mas, infelizmente, não lembro quem. Lembro que a Travancas, em O Mundo dos Jornalistas, afirma que as decisões, as referências e as influências do jornalista são quase que exclusivamente as pessoas do seu núcleo de trabalho. Isso, e toda a experiência dos próprios profissionais, demonstra que muito mais que pautado em valores universais de verdade e ética, entre outros, as referências do jornalista são, antes de jornalísticas, parciais.

3 comentários:

Alejandro disse...

Bom eu continúa achando que a utopía tarde o cedo chega ao seu fim, lamentavelmente muito mais cedo nos ultimos tempos (con a evolução do homem)(ou a involução?) hehe... em definitiva:

"O MUNDO SE MOVIMENTA POR INTERESSES"

sucessos e om senso para os journalistas!
Segue alguma coisa que pode ajudar a enteder o quanto vcs são importantes:

http://www.cancioneros.com/nc.php?NM=2005

Gustavo Machala disse...

Aline,

Infelizmente eu não concordo com o seu breve comentário. A Ética jornalística não se encontra da porta da sala para dentro. Ela encontra-se, isso sim, nas atividades diárias de cada jornalista. Não adianta dizer que são só os valores de cada um em um determinado momento que são levados em consideração... Nós temos uma PROFISSÃO (mesmo que muitos queiram retirar a validade de nosso diploma) e esta profissão possui um código de ética (construído socialmente e respaldado, sim, por valores que podemos chamar de universais) que deve ser respeitado. Ora, as decisões de jornalistas podem ou não ser individuais (na maioria dos casos não são individuais, pois o jornalista trabalha, normalmente, em empresas ou órgãos públicos, e responde a uma chefia direta) e, sempre, serão parciais (pois decisões são uma tomada de direção), mas o fato de ser parcial não implica que cada decisão individual, ou coletiva, de cada jornalista não seja também uma decisão com implicações públicas e sociais. Sendo assim, não há como desvencilhar jornalismo e ética. Se os jornalistas, além de referenciarem-se em outros jornalistas (colegas de profissão), não basearem suas decisões nos diversos documentos norteadores de uma conduta profissional humana, democrática, livre e respeitadora dos direitos coletivos e individuais (código de ética da profissão, direitos humanos fundamentais, constituição da república etc.), teremos qualquer coisa, mas menos algo que se possa chamar de profissão e muito menos teremos argumentos para nos defendermos daqueles que acreditam que para ser jornalista não é preciso passar por uma universidade...

Um abraço,

Machala.

Aline Braga disse...

Machala,

Lembro já termos esboçado essa discussão anteriormente. Antes de tudo, não sou daqueles que defendem que a profissão de jornalista possa ser exercida por "qualquer pessoa que tenha afinidade com a leitura e a escrita". Exige um curso universitário, sim, e boa parte daquilo que aprendemos na graduaçao,inclusive, existe por e está respaldado por documentos que regulamentam nossa profissão. No entanto, não posso deixar de perceber que nosso ideal de conduta está muito longe do que acontece fora da sala de aula. Nosso modelo de Emissora de Rádio e TV Estatais não se referencia na liberdade de expressão que esperamos de projetos assim. As Emissoras Privadas vendem sua liberdade de expressão. Os impressos até legitimam "posicionamentos políticos" em época de eleição e geram em nós uma desconfiança enorme - para falar sutilmente.
Apesar de ainda me considerar uma foca, compartilho do que percebi ser o pensamento de Ricardo Noblat em seu livro "O que é ser jornalista?": acreditar no jornalismo por si, porque as instituições que o abrigam são as primeiras a não respeitar seus preceitos. Por isso, acredito que levantamos bandeiras em defesa do jornalismo muito mais por nossas crenças pessoais (e, claro, jornalísticas, pois por elas decidimos seguir essa profissão!). Afinal, se a maioria dos jornalistas estivesse aí para defender nosso código e preceitos, a generalização da falta de Ética não predominaria. Isso tudo sem nos aprofundarmos nas questões de mercado...
Acredito que o exercício da atividade no mundo real tem que se aproximar mais do modelo.