sábado, 25 de abril de 2009

Leituras desnaturadas

[autor desconhecido]

Nos últimos anos, sempre que estou lendo um livro, me protejo dele. Principalmente se for daqueles em que o autor sabe escrever sentimentos como se eles só começassem a existir ali no papel. Como se até o ato de fazer um almoço não representasse panelas, carnes e água, mas somente olhares e sentimentos. Me protejo desses livros que desnudam, mas – como não consigo deixar de lê-los - sucede essa coisa estranha que agora tento explicar. Quando comecei a me dar conta, percebi que meus olhos não penetram entre o branco das palavras, se forma toda um nebulosa entre elas e leio como quando a areia é levada pelo vento na praia, nebulando a beira. Cada faísca de uma verdade que rasga me faz parar, respirar e pensar porque cargas d´água não fecho aquelas páginas e vejo tv. Nunca passa isso quando estou vendo tv, fico completamente resguardada com aquelas imagens e nem pressinto aquele medo que me causa as centenas de páginas do livro. Não tenho dado prosseguimento a várias leituras e quem me é próximo já deve ter ouvido: Estou me dedicando atualmente a leituras mais técnicas. Um livro de História, de Comunicação, qualquer coisa que eu possa ler olhando o espaço entre as palavras sem causar nenhuma dor. Não significa nada além de proteção.

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